terça-feira, 3 de junho de 2014

Doença de Chagas


TRANSMISSÃO DA DOENÇA DE CHAGAS
Bastante importante é a particularidade de que quase sempre os barbeiros evacuam logo depois de uma refeição: acontece que é nas fezes dos barbeiros contaminados que virão os tripanosomas, micróbios causadores da Doença de Chagas. Penetrando pelo próprio local da picada do barbeiro, esses tripanosomas poderão invadir a pessoa ou animal sugado, e assim ocorrer a transmissão da Doença de Chagas. Todos os barbeiros nascem livres do micróbio da Doença de Chagas, mesmo que seus pais estejam infectados. O barbeiro só adquire esse micróbio se sugar uma pessoa ou animal contaminado. Essa é a razão pela qual encontramos na natureza muitos barbeiros não infectados, principalmente aqueles que só se alimentam do sangue das aves, pois essas não albergam o Trypanosoma cruzi.

TRYPANOSOMA CRUZI
Como sabemos, uma pessoa geralmente contrai a Doença de Chagas quando é contaminada pelas fezes de um "barbeiro" portador de um micróbio, o Trypanosoma cruzi. É este tripanosoma (ou T. Cruzi) que, circulando pelo sangue da pessoa, irá penetrar e produzir lesões em órgãos importantes como no coração, esôfago e os intestinos, causando uma série de sintomas da doença. O Trypanosoma cruzi é encontrado na natureza nos barbeiros ("hospedeiros" invertebrados) e em "hospedeiros" vertebrados (homem e vários mamíferos). Esse fato tem um sentido biológico importante, que está intimamente ligado à sua evolução e à sua transmissão ao homem e mamíferos. Desde muitos anos, em todo o Continente Americano, o T. Cruzi circulava na natureza exclusivamente entre mamíferos silvestres (tatu e gambá principalmente) e barbeiros silvestres. O homem ao invadir as matas e produzir o desequilíbrio ecológico no ambiente silvestre, trouxe o T. Cruzi para o ambiente doméstico, surgindo assim a Doença de Chagas humana.
No barbeiro, o T. Cruzi se desenvolve em todo o seu aparelho digestivo, resultando em formas alongadas, presentes principalmente nas fezes desse inseto e que serão as formas infectantes para o homem. Assim, o homem adquire a infecção através da penetração na pele e mucosas das formas eliminadas junto com as fezes do barbeiro. Em geral, o inseto evacua logo após picar uma pessoa ou animal. Esses tripanosomas, atingindo a circulação, podem invadir células dos mais variados tecidos, nas quais se reproduzem rápida e intensamente sob uma forma arredondada, retornando à circulação sob a forma novamente alongada. Esse período é conhecido como fase aguda da doença, quando o T. Cruzi pode ser encontrado através de exames de sangue feitos ao microscópio. Mais tarde, invade as células dos tecidos (coração, fígado, sistema nervoso ou células brancas do sangue). Daí para frente será raramente visto na circulação, caracterizando assim a fase crônica da infecção.
A forma de transmissão da doença de Chagas, em que o barbeiro participa é a mais comum e importante. Além disso, essa infecção parasitária pode ser adquirida através de outros mecanismos tais como: transfusões sanguíneas, nas quais o doador é um indivíduo chagásico e transmissão ocasional da mãe chagásica para o filho, através da placenta.
O T. Cruzi é um ser bastante primitivo pertencente ao grupo dos protozoários, sendo constituído de uma única célula de dimensões invisíveis ao olho nu (15 milésimos de milímetros). Durante sua vida, conforme as circunstâncias e necessidades, o T. Cruzi apresenta-se sob diferentes formas. Algumas dessas formas são alongadas e apresentam estruturas especializadas chamadas flagelos que permitem uma rápida movimentação; outras são arredondadas e não têm flagelos. As formas alongadas são encontradas no intestino do barbeiro e sangue do homem e mamíferos; as arredondadas se encontram no organismo humano, dentro das células, onde não têm necessidade de movimentar-se. Como toda célula, o T. Cruzi se compõe de uma membrana, um meio interno chamado citoplasma e um núcleo. As figuras anexas mostram esses componentes. Na forma alongada, o flagelo é bastante longo e evidente,
A nutrição do T. Cruzi se faz a partir de microelementos retirados das células hospedeiras, que ele utiliza para várias funções vitais dentre elas a de reprodução. Os numerosos parasitas resultantes da reprodução levam à destruição da célula invadida, o que os obriga a "invadir" novas células para sobreviver, realizando assim novo ciclo. Esse parasitismo pelo T. Cruzi pode ou não alterar sensivelmente os seus hospedeiros. É o caso por exemplo de Berenice, paciente na qual Carlos Chagas estudou a doença e que viveu mais de 80 anos. Em outros casos, entretanto, pessoas jovens morrem precocemente de deficiências no coração, ou por complicações dos problemas causados pela doença do esôfago e intestino. Uma noção muito importante: ao Trypanosoma cruzi, como aos parasitas em geral, não interessa prejudicar ou destruir o seu hospedeiro. Com o passar das gerações, a tendência é acontecer uma adaptação entre eles, uma espécie de equilíbrio em que as partes não se maltratam.

Referencias: 
FONTE: Suplemento Pedagógico. Diário Oficial MG - Belo Horizonte, 1979.
ORGANIZAÇÃO: Técnicos da DIDOCh e Assessoria de Comunicação Social da SUCAM.




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